Vinicius Torres Freire / Os problemas no setor elétrico nos governos FHC e Dilma

Os problemas no setor elétrico nos governos FHC e Dilma

Jornal da Gazeta

Em janeiro, o risco de racionamento de eletricidade era zero. Em fevereiro, passou a ser baixíssimo. Agora, em março, faz uma semana, se dizia que o risco de faltar energia era baixo. Essas eram as avaliações oficiais do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico, um grupo de autoridades públicas e administradores privados do setor elétrico responsáveis por checar e vai ou não faltar energia no país.
Hoje, o pessoal do Ministério de Minas e Energia disse hoje numa audiência no Congresso que "acendeu o sinal amarelo". São avaliações oficialmente diferentes, claro, e, no fim das contas, as palavras risco zero, baixo, baixíssimo e sinal amarelo não dizem grande coisa, objetivamente.
No entanto, parece que o gato vai subindo no telhado, ou melhor, o governo reconhece que o caldo azedou. Não quer dizer que fica cada vez mais próximo o risco de racionamento. Na verdade, mesmo os melhores especialistas de fora do governo não sabem dizer com certeza quais são os riscos de faltar luz neste ano.
Mas é certo que a situação é preocupante. É bem certo que a energia está custando mais caro. As vendedoras de eletricidade, as distribuidoras, estão comprando energia cara porque, enfim, a eletricidade está em falta e mesmo usinas caríssimas estão sendo usadas para produzir eletricidade. As distribuidoras, pra quem a gente paga a conta de luz, só não estão repassando o custo porque o governo está bancando a diferença.
No entanto, não existe nada de graça. Como a gente antecipou aqui na quarta-feira passada, o governo admitiu que a conta da energia cara começa a chegar no ano que vem. Claro, depois da eleição, para a coisa não pegar muito mal. Se o custo integral do aumento do preço da eletricidade fosse repassado neste ano, o reajuste seria de mais de 25%, uma paulada.
Por que está dando tanto problema? Claro, seca e calor demais causam problemas no setor elétrico. Mas um país que depende dos céus, da chuva, para ter energia elétrica a bom preço não é um país sério. Aliás, era exatamente isso que o PT dizia do governo tucano de FHC: um governo que deixou haver racionamento é um governo ruim. A crítica estava certa lá em 2001. Continua certa agora em 2014.