Vinicius Torres Freire/ Escassez de serviços públicos gera tensão

Na terça-feira, houve um grande tumulto em várias linhas de metrô de São Paulo.

Na terça-feira, houve um grande tumulto em várias linhas de metrô de São Paulo. A situação está tensa. Uma faísca e a coisa pega fogo. Afora os acidentes e falhas, a tensão maior vem do fato de as pessoas estarem por aqui com a hiperlotação dos transportes públicos.

Mas,de certo modo, está tudo lotado. As ruas estão lotadas de carros, vide os congestionamentos horríveis, atrapalhados ainda por semáforos quebrados em São Paulo.

O problema não está só nas ruas. Caminhões formam filas de mais de 30 km para desembarcar no porto de Santos a comida que as fazendas produzem no centro do país. Falta estrutura nos portos, mas faltam ferrovias, o melhor meio para transportar essas cargas. Por que faltam ferrovias, transporte público, chão para os carros? Porque o país não investiu em infraestrutura, não gastou em obras ou fez tudo de modo errado ou ineficiente. O país consumiu demais, investiu pouco. A conta está chegando, na forma de um cotidiano muito, muito difícil.

Não falta energia, por enquanto, até porque o país está crescendo pouco. Mas a eletricidade está cara. Não aparece na conta porque o governo está bancando, por enquanto, fazendo dívida. A situação não está fácil. As obras do setor de energia estão atrasando. Quando uma usina fica pronta, por vezes ela fica sem uso, por falta de linha de transmissão, um absurdo completo. Faz anos, ficaram prontas as usinas elétricas movidas a vento, eólicas, no Nordeste. Mas a incompetência do governo atrasou as linhas de transmissão. Agora, vai acontecer a mesma coisa com a megausina de Belo Monte, que vai ficar pronta antes de as principais linhas de transmissão de eletricidade ficarem prontas.

O Brasil está lotado em vários sentidos. A inflação é uma espécie de lotação: há mais dinheiro pra comprar do que produção eficiente, o que deixa as coisas mais caras.
A vida melhorou num certo sentido, na última década. A renda aumentou, a desigualdade diminuiu. Mas a gente não ligou de criar as condições para acomodar esse avanço social e civilizatório. Agora, a escassez de serviços públicos ficou mais evidente. E a coisa ficou tensa.

Tema: Economia