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Vinicius Torres Freire / A conta dos preços sob controle ainda vai chegar

Como era previsível, o aumento do preço dos produtos agrícolas no atacado chegou ao bolso do consumidor.

Vinicius Torres Freire / A conta dos preços sob controle ainda vai chegar Como era previsível, o aumento do preço dos produtos agrícolas no atacado chegou ao bolso do consumidor.
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Como era previsível, o aumento do preço dos produtos agrícolas no atacado chegou ao bolso do consumidor. O que não estava previsto era o tamanho da paulada. A inflação de março chegou a 0,92%, a maior em uma década para este mês do ano.
A alta da inflação era previsível porque houve secas no Brasil e em várias partes do mundo. Enfim, o clima prejudicou as comidas básicas: soja, milho, trigo, o que ajuda a encarecer as rações dos animais e tantos outras matérias primas da indústria mundial da comida. Além do mais, o tempo ruim prejudicou a produção de legumes e verduras no Brasil.
Mas o problema não ficou apenas nisso. Nem no aumento horrível no preço das passagens de avião, que também ajudou a inflação a subir neste mês. Um problema sério é que a maioria dos preços de produtos e serviços está subindo. De todos os preços medidos pelo IBGE, mais de 71% subiram este mês. Quando a inflação está assim disseminada, quer dizer que a pressão de alta vem de vários lugares, é determinada por vários fatores.
Além do mais, a inflação só não está ainda mais alta porque o governo está controlando os preços que pode manipular, como o da gasolina e da energia elétrica, e porque as passagens de ônibus, metrô e trem não estão subindo ou subindo pouco, para nem falar do preço dos pedágios.
Parece bom o controle de preços. Mas, em algum momento, essa conta vai chegar. O governo federal, por exemplo, está empurrando os aumentos da gasolina e da luz para o ano que vem, para depois da eleição.
A inflação vai "explodir", ficar descontrolada? Não. Vai continuar alta, por volta de 6% ao ano, como tem ocorrido faz mais de meia década. Os efeitos piores da seca sobre o preço da comida devem diminuir nos próximos meses.
De qualquer modo, o eleitorado está irritado e inseguro por causa da alta de preços, entre outros motivos. Segundo pesquisa Datafolha da semana passada, 65% dos eleitores acham que a inflação vai aumentar. A gente não via tanta gente com medo da inflação e de problemas econômicos desde 1999, quando houve a grande desvalorização do real, ou desde 2001, quando houve o racionamento de energia.
É claro que a gente não está numa situação de crise como a daqueles anos. Mas a paciência do eleitorado com a inflação é menor hoje em dia. Por causa disso, Dilma Rousseff perde votos. Por causa disso, o governo vai maquiar a inflação e empurrar os aumentos para o ano que vem. Vamos ver se vai colar. Vai?
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