Vincius Torres Freire/ Falta d'água tem tudo a ver com economia

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Os lagos do chamado sistema Cantareira estão com um nível perto de 18% da capacidade. Desses lagos sai a água para mais de 9 milhões de pessoas no Estado de São Paulo, a maioria na Grande São Paulo.

Os lagos ainda estão secando, mesmo com as chuvas dos últimos dias. Nessa mesma época, no ano passado, estavam com metade de capacidade. Em 2012, com três quartos da capacidade. Algumas cidades da Grande São Paulo já sofrem com rodízio de água, uma espécie de racionamento. O que tem a ver o risco de falta d´água com economia? Tudo a ver.

Quando não há seca e risco de falta d´água, quase ninguém pensa na origem da água, de onde ela vem, quanto custa para fazer um estoque, um reservatório, quanto custa transportar a água. Quase ninguém se preocupa em saber se estão sendo feitas as obras necessárias para garantir água pra todo mundo. Menos gente ainda se preocupa em saber se as empresas de saneamento perdem muita água, por vazamentos ou outras ineficiências.

Mas tudo isso é assunto muito sério: trata-se daquilo que se chama de investimento e manutenção da infraestrutura. Infraestrutura é tudo aquilo que dá a base para uma economia e uma sociedade funcionarem direito, sem traumas, como racionamentos de eletricidade e de água. Congestionamentos de trânsito e filas no ponto de ônibus e estação de metrô também são uma espécie de racionamento.

Construir uma boa infraestrutura e mantê-la em bom estado é uma tarefa sem fim e caríssima. É preciso disciplina para reservar dinheiro para obras de abastecimento de água, de eletricidade, estradas, trens. Não se arruma esse dinheiro de uma hora pra outra, nem se resolvem esses problemas em um ou mesmo dois anos.

Isso é um problema de planejamento econômico muito sério. Mas a gente liga pra isso na hora de votar, dos debates eleitorais? De discutir as opções do governo, se vai gastar nisso ou naquilo? A gente não quer saber se é preciso que o governo poupe para gastar mais em obras básicas.

Em geral, a gente pensa que essas obras caríssimas caem do céu. Se a gente continuar pensando assim, vamos ter que esperar soluções do céu: que chova para não haver racionamento de água ou de luz.

Tema: Economia