Reforma da Previdência é o grande desafio do governo Temer

Comentário de Economia, com Denise Campos de Toledo.

Jornal da Gazeta

A reforma da Previdência é o grande desafio do governo em relação ao ajuste das contas públicas e a própria agenda econômica. Não se vê condição política pra grandes avanços Não houve a esperada recuperação de força após a votação da denúncia da Procuradoria contra o presidente Temer. Ao contrário, o placar menos favorável revelou maior fragilidade. E agora há necessidade de recomposição da base de apoio, talvez até com uma reforma ministerial, pra assegurar a aprovação de pontos da reforma que possam produzir mais resultados, fazer alguma diferença, como a idade mínima, o período de transição e um tempo mínimo de contribuição. Só que o governo pode ter dificuldade até com as medidas apresentadas pra tentar salvar as contas de 2018, o cumprimento da meta. Servidores se mobilizam contra o adiamento do reajuste salarial pra 2019 e o aumento da contribuição previdenciária. Estratégia já adotada em vários Estados pra assegurar maior equilíbrio das finanças. Também pela fragilidade política, o governo vem adiando essa iniciativa. Aliás, foi por esse motivo, a fragilidade, que, logo após o impeachment de Dilma Rousseff, Temer fez uma série de concessões no que se refere a reajustes salariais. Agora a conta pesou. Daí o uso até de medidas provisórias pra fazer as mudanças valerem de imediato. Depois é negociar a aprovação com o Congresso. Sem isso não garante sequer a meta, de um déficit de 159 bilhões de reais, em 2018. O que pode prejudicar, inclusive, a recuperação ainda modesta da economia, muito comemorada pelo governo. Difícil a vida de um governo impopular, que se sustenta politicamente na base do toma lá dá cá. O que tem a favor dele é a escolha de uma boa equipe econômica, que tem conseguido obter importantes resultados, mesmo em meio a um contexto político dos mais complicados. Por isso é que não se pode descartar, ainda, a possibilidade de algum avanço mais significativo em termos de ajuste das contas. Não vamos esquecer que este governo, o mais impopular que tivemos, venceu desafios como a aprovação da PEC dos gastos e a reforma trabalhista. Eu volto na segunda. Até lá.

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