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Parceria Brasil-Cuba tem ideologia de todo lado
Enfim, o Brasil vai ter mesmo uma posição especial em Cuba?

Jornal da Gazeta
O porto foi o maior investimento privado na ilha desde que Cuba se tornou comunista, faz mais de 50 anos.
Qual o interesse para o Brasil?
Primeiro, o governo do Brasil dá apoio a outras empresas brasileiras que queiram exportar, em geral exportadoras de bens. Nesse caso, a exportação é de serviços, o de construção. Até aí, então, nada de grave.
Segundo, o Brasil espera que empresas brasileiras sejam beneficiadas com a presença forte do Brasil em uma economia cubana reformada e aberta para o mercado. Pelo menos, em tese, não é absurdo. Aliás, o BNDES também financia obras em outras partes da América Latina.
Terceiro, países como a China estão fazendo a mesma coisa, em escala muitíssimo maior que o Brasil.
Problema: o Brasil tem todo esse dinheiro para emprestar? Um problema é que o governo do Brasil faz dívida para levantar capital para o BNDES emprestar. Isso sai caro.
O negócio vai de fato será rentável? A gente não tem uma avaliação de risco e retorno clara. A decisão foi justificada de modo mais político do que com números frios.
Enfim, o Brasil vai ter mesmo uma posição especial em Cuba? Se o país se abrir de vez ao investimento externo, Estados Unidos e China não vão entrar com tudo?
EM tese, a ideia do governo brasileiro de fazer uma parceria com Cuba não era absurda. Foi criticada mais por motivos ideológicos do que diplomáticos e políticos. Mas o governo brasileiro também tomou sua decisão fortemente apoiado em motivos ideológicos e não apresentou com clareza os benefícios do empréstimo do BNDES para Cuba, como não justifica mesmo os empréstimos domésticos do bancão.
A discussão está contaminada demais por política, e menos por racionalidade econômica e diplomática, como tudo no Brasil nos últimos anos, aliás.