Pacote de ajuste inclui freio no salário mínimo

O novo governo de Dilma Rousseff deu hoje uma pista sobre como serão os novos aumentos do salário mínimo entre 2016 e 2019.

Jornal da Gazeta

O novo governo de Dilma Rousseff deu hoje uma pista sobre como serão os novos aumentos do salário mínimo entre 2016 e 2019. Pelo jeito, o mínimo vai continuar a aumentar acima da inflação. Portanto, vai continuar a ter aumentos reais. Mas em um ritmo inferior ao que vinha ocorrendo pelo menos nos últimos cinco anos.

Até 2015, a cada ano o salário mínimo era reajustado pela seguinte regra: a soma da inflação do ano anterior, mais o crescimento da economia de dois anos antes.
O novo ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, disse hoje ao tomar posse que a nova regra de reajuste, que passa a valer em 2016, será mandada para o Congresso em "momento oportuno" e que os aumentos reais vão continuar. Dadas as limitações do orçamento do governo, isso quer dizer que a nova regra deve prever um método de reajuste menos generoso do que o atual.

Por que o governo quereria limitar o aumento do salário mínimo? Porque o valor do mínimo também é o valor do piso dos benefícios do INSS, da Previdência Social. Se o mínimo aumenta, aumentam os gastos da Previdência. Além do mais, o salário mínimo também afeta os gastos de muitos municípios e de Estados mais pobres. E todos os governos estão na pindaíba.

Enfim, um reajuste mais lento do salário mínimo deve fazer parte do pacote de ajuste pelo qual vai passar a política econômica. Impostos vão aumentar, alguns benefícios sociais, em especial alguns exagerados, vão diminuir ou crescer menos.

Outra coisa que vai acabar vão ser subsídios, com o da energia elétrica. Se o custo aumentar, o consumidor vai pagar. O governo vinha bancando parte do aumento desse custo. Mas, sem dinheiro, tinha de tomar emprestado a juro alto para pagar essa conta, o que piorava ainda mais a situação do governo e do país. Cobria-se um santo, despiam-se vários outros.

A presidente disse no discurso de posse que vai fazer um "ajuste com o menor sacrifício possível". Pode ser que funcione. Quanto mais rápido e decidido o governo for para fazer o ajuste, para consertar as bobagens que fez nos últimos quatro anos, mas rápido a economia vai se recuperar. Mais rápido, dói menos.