O problema é como sair do fundo do poço

Comentário de Economia, com Vinicius Torres Freire.

Jornal da Gazeta

A melhora mais visível da economia ficou para depois do Carnaval do ano que vem. Março de 2017. Se não der mais nada errado.
O que tem dado errado, agorinha mesmo?
Os juros continuam caindo devagar, tão devagar que mal se nota. O Banco Central vem baixando os juros básicos da economia devagarinho.
Está uma baderna de dar nojo e raiva em Brasília. Congresso em guerra com Judiciário e Ministério Público. Políticos tentando aprovar leis para fugir da polícia.
Com essa bagunça, muita gente começa a achar que o Congresso pode não aprovar medidas de recuperação econômica. Pode achar que o governo fique paralisado no meio de suas lambanças. Medo faz as empresas jogarem na retranca. Pode até fazer com que as taxas de juros no mercado subam.
Além do mais, houve notícias menos animadoras sobre a economia no médio prazo.
Hoje saiu o resultado do PIB do terceiro trimestre. PIB, produto interno bruto, é apenas a soma do valor da produção da economia de um país em um determinado período, um ano ou trimestre.
A produção continua diminuindo. O PIB cai. Já caiu mais rápido. De fato, chegamos a um fundo do poço no meio do ano. O problema está sendo sair do fundo do poço.
Os principais problemas são:
Primeiro: com salários e crédito em queda, não há como o consumo e, portanto, a produção não caírem.
Segundo, o investimento em novas obras, negócios e empresas continua caindo. Cai porque sobra capacidade de produzir nas empresas. Cai porque há medo do futuro, ainda.
Cai porque não há investimento mesmo naqueles negócios que dão retorno no longo prazo, depois da crise: estradas, energia, portos, aeroportos. Porque o governo não consegue colocar na rua os leilões dessas obras, leilões para escolher as empresas que vão fazer as coisas.
2017 não deve nem de longe ser tão ruim quanto 2016 ou 2015, anos em que a economia afundou. O risco é que fiquemos apenas no zero a zero. Sem cair mais, mas sem subir.

Leia mais sobre:

Siga o Jornal da Gazeta nas redes sociais