Ninguém consegue pôr ordem nessa bagunça

Comentário de Economia, com Vinicius Torres Freire.

Jornal da Gazeta

A crise política se casou com o pânico econômico e está produzindo monstros.
Os donos do dinheiro, o chamado "mercado" passa a ter mais dúvidas de que mudanças econômicas sejam aprovadas no Congresso. Sem mudanças econômicas, reformas, sejam quais forem, a crise tende a piorar.
A baderna no Congresso e o conflito de Legislativo e Judiciário estão causando nojo e revolta popular. Essa indignação pode levar o povo para a rua. O povo na rua pode ter vários efeitos, até o de fazer com que essa gente em Brasília pare de arrebentar o país.
Mas pode criar mais dúvidas sobre a duração do governo Temer. A mera ameaça de que possa haver outra troca de presidente pode paralisar as decisões necessárias para colocar a economia pelo menos no caminho da recuperação.
Piora a crise política, piora a crise econômica. Até os juros sobem por causa disso.
No desespero, políticos de Temer e mesmo a elite econômica cobra ou frita o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, que por ora parece mais frágil, o que dificulta a mudança econômica.
Não há ninguém ou grupo que ponha ordem nessa bagunça, que deve produzir apenas bagunça.
De onde vem esse tumulto? No governo, os principais assessores, ministros, de Temer, caem devido a acusações de corrupção ou estão ameaçados.
No Congresso, mais ou menos um quarto quer fugir da polícia e da Justiça votando medidas para se salvarem.
Parte do Judiciário e do Ministério Público se acha santa, acima de qualquer suspeita, e quer impor decisões ao Congresso.
Difícil lembrar de um tempo de lideranças tão pequenas, irresponsáveis ou coisa pior.
Na economia, a recuperação demora. Há apenas despiora lentíssima, que vai ficando ainda mais lerda com a baderna política. Por ora, apenas uma queda de juros pode ajudar a acelerar a recuperação.
Está difícil de ver a saída, por enquanto. Num país em que a pobreza aumenta. Neste país em que 1 de cada 4 jovens maior de 18 anos nem estuda nem trabalha. Não tem vida e, nessa situação, nem terá.

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