Não há um horizonte de recuperação da economia

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As projeções ainda devem piorar. O mercado tem sido atropelado pela realidade.É uma enxurrada de dados ruins que parece não ter fim. Daí o ajuste quase continuo das previsões. E chama atenção agora, principalmente, a piora do cenário para 2016. Isso mostra que não há confiança na possibilidade de o governo reverter as dificuldades políticas e conseguir implementar uma estratégia mais eficiente pra tirar o País da crise. Isso hoje parece estar muito vinculado à idéia do impeachment ou até de uma renúncia da presidente, que podem não ocorrer. Sem uma mudança que gere maior entendimento político, os problemas da economia podem continuar sendo administrados aos trancos e barracos, com boa possibilidade de agravamento da crise. O governo ainda está longe até do ajuste fiscal, que seria a condição pra se começar a pensar em uma retomada do crescimento. O governo não sabe sequer o que fazer com o que sobrou das pedaladas fiscais do ano passado, com os recursos que terá de destinar aos bancos públicos, pra cobrir repasses feitos a programas sociais e outras finalidades. Não considerando esses recursos, o rombo já pode bater nos 50 bilhões de reais. Se o acerto ocorrer agora, o rombo pode encostar nos 80 bilhões.Dependendo de como o déficit da contas for administrado o Brasil pode passar por novos rebaixamentos da nota de avaliação de risco. Vários fatores, como o dólar, novas correções de preços administrados, alta do custos das empresas, avanço de preços agrícolas devem sustentar a inflação em patamar elevado. O Banco Central já não coloca mais prazo pra derrubar a inflação para o centro da meta, que é 4,5%. Em vez disso, no ano que vem o IPCA pode ficar perto do teto da meta, como o mercado já está prevendo. A recessão, com desemprego, queda do consumo, da atividade, dos investimentos e da confiança, vai prosseguir mesmo. Falando em confiança, a dos consumidores, de acordo com a Fundação Getúlio Vargas, teve em outubro a quarta queda consecutiva em patamares históricos, o que está diretamente relacionado à avaliação da economia e das finanças pessoais. Confiança menor derruba mais o consumo, reforçando o ambiente recessivo. Enfim, continuamos sem um horizonte de recuperação da economia e, também, de acomodação da crise política. A Zelotes e a Lava Jato estão aí pra colocar mais lenha na fogueira. O que temos pela frente é um cenário bem imprevisível, com sérias dificuldades do lado econômico. Eu volto na quinta.