México: “longe de Deus, perto dos EUA”

Comentário de Política Internacional, com João Batista Natali.

Jornal da Gazeta

Faz apenas uma semana que Donald Trump tomou posse. Mas os Estados Unidos já viraram uma grande bagunça. O Washington Post diz, hoje, que muitas decisões de impacto que Trump tomou não vão sair do papel. Porque são ilegais, e porque os técnicos do governo não foram consultados sobre o que pode e o que não pode. A burocracia americana é competente. Mas ela já começou a reclamar. Sem fazer muito barulho, seis diplomatas que tinham o comando do Departamento de Estado acabam de pedir demissão. E Trump também demitiu 80 embaixadores, sem ter antes escolhido quem vai para o lugar deles. Ou seja, a diplomacia americana está em ponto morto, está inoperante. E pensar que o presidente acredita que pode fazer política externa com mensagens no twitter. E saiu uma primeira pesquisa, sobre o que os americanos estão achando da primeira semana do novo presidente. Ele tem a aprovação de 36 por cento, mas é reprovado por 4 por cento. Poderia ser um alerta. Mas Trump não acredita em pesquisa, não acredita na mídia e não acredita em nada que se oponha às loucuras dele. Uma dessas loucuras é o plano de cobrar um imposto de 20 por cento, sobre todas as importações do México. Trump diz que seria para financiar o muro de 10 bilhões de dólares, que ele quer construir na fronteira, para evitar a entrada de imigrantes mexicanos. Só que esses 20 por cento de imposto seriam um tiro no pé. Claro que o México, que vende para Estados Unidos 80 por cento de suas exportações, vai entrar em recessão. Mas a economia americana terá inflação. Sairá perdendo com componentes industriais mais caros. E vai ter mais desemprego. É por isso que o economista e prêmio Nobel, Paul Krugman, disse que Donald Trump vai empobrecer ainda mais os eleitores que votaram nele. E com relação a essa birra com México, eu me lembro do que disse há mais de 100 anos o presidente mexicano Porfirio Diaz, "Pobre do México. Tão longe de Deus, e tão perto dos Estados Unidos." É assim que o mundo gira. Boa noite.