Compartilhe
Lula e FHC: ensaio para conversa que não houve. Erros de PT e PSDB.

Jornal da Gazeta
.
Apesar da mútua desconfiança, os dois ex-presidentes admitiram uma conversa em busca de entendimento. Conversa não para o tradicional acordão por cima.
Conversa para, mantidas as diferenças que separam ambos e seus partidos, buscar convergência em relação a alguma reforma política, por exemplo.
Reforma que melhore a representatividade e dificulte dutos para uma corrupção, que é sistêmica.
O ensaio para a conversa de Lula e FHC estancou. Em parte porque, atropelados pela retórica do ódio, líderes e partidos, em geral, ficaram a reboque das ruas.
.
Naquela semana Fernando Henrique chegou a manifestar-se contra a ideia de impeachment. E foi alvo de grande pressão por parte de próximos e de distantes.
Por isso, três dias antes do domingo 15, FHC diria: "Não se pode deixar a sociedade avançar sozinha".
Aquém da sociedade, se ergueram como obstáculo para a conversa apetites internos do PSDB.
O PSDB nasceu em torno de Mario Covas, e para escapar à sujeira que já tomava o PMDB.
Inegável o êxito do governo Fernando Henrique na consolidação da estabilização da moeda. Mas o mesmo governo cometeria o primeiro de erros graves: a reeleição.
A reeleição foi aprovada com votos comprados no Congresso. Sem CPI e sem investigação pra valer.
Jogador de xadrez, político de enxergar o longo prazo, numa conversa reservada o então governador Mario Covas profetizaria:
A reeleição será um desastre. O eleito só vai pensar na reeleição. A oposição, só em arrebentar o governo eleito.
O PT chegou à presidência como vestal. No poder, esqueceu-se da promessa de reformar o sistema político.
Para manter o poder o PT valeu-se, de maneira desabrida e tosca, de hábitos, costumes e métodos que condenava nos antecessores.
O PT vai pagar caro por isso. Apesar do êxito de políticas sociais que arrancaram multidões, corações e mentes da secular senzala.