João Batista Natali / União Europeia é garantia para manter a paz

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Vamos falar do Parlamento Europeu. No domingo que vem, os 28 países da União Europeia, vão às urnas para escolher 751 deputados. Se a abstenção não fosse tão alta, seria uma eleição de 380 milhões de votos. Mas o Parlamento Europeu não é um parlamento de verdade. Ele não produz as leis para os países membros. Os eurodeputados têm atribuições reduzidas, como aprovar o orçamento da Comissão Europeia. É ela que manda. Mesmo assim, as eleições de domingo serão um bom termômetro. Haverá um previsível crescimento da extrema direita nacionalista. Esse grupo de partidos tem hoje apenas 57 deputados. A bancada será multiplicada por quatro ou cinco. Um levantamento feito pela London School of Economics diz que a direita raivosa deve liderar a votação na Bélgica, no Reino Unido, França, Finlândia e Holanda. Essa gente é racista, e tomou carona na impressão de que a União Europeia cria mais problemas do que resolve. Mas a Europa unida nasceu há quase 60 anos, como um acordo alfandegário. O bloco radicalizou sua interdependência há 22 anos, com o Tratado de Maastricht. A Europa deixou de ser dos empresários para ser dos cidadãos. Se eu sou francês, eu posso trabalhar na Alemanha. Se eu sou britânico, eu posso estudar na Itália. Se eu sou holandês, eu posso ter minha conta bancária na Dinamarca. Só que essa estrutura não minimizou a crise econômica de 2007. Alguns dizem até que, em razão da interdependência, a crise se aprofundou. Mas tudo isso é análise de curto prazo. A União Europeia é uma garantia para a manutenção da paz. No século passado, a Europa foi destruída por duas guerras mundiais. Uma terceira guerra seria hoje impossível, porque o continente criou vínculos muito profundos nas áreas econômica e social. É por causa disso, e com todos os seus defeitos, que a União Europeia continuará a ser um dos produtos mais bem-acabados da engenharia política da humanidade. É assim que o mundo gira. Boa noite.