João Batista Natali/ Segundo turno na Colômbia deve girar em torno das Farc

Vamos falar da Colômbia. Pois esse nosso vizinho, lá de cima, ao lado da Venezuela, teve no domingo o primeiro turno das eleições presidenciais.

Jornal da Gazeta

Vamos falar da Colômbia. Pois esse nosso vizinho, lá de cima, ao lado da Venezuela, teve no domingo o primeiro turno das eleições presidenciais. Os candidatos para o segundo turno, de 15 de junho, não repetem o confronto da direita contra a esquerda. É uma polarização comum na América Latina. A diferença básica entre os dois candidatos está na negociação de paz com o grupo guerrilheiro Farc, Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia. As Farc foram criadas há 50 anos. E eram um grupo marxista, como foi aqui no Brasil o PCdoB, na Guerrilha do Araguaia. Mas hoje as Farc são uma espécie de multinacional do narcotráfico. Dão proteção ao cultivo e ao refino da cocaína. Viraram sócias dos cartéis de traficantes. Mesmo assim, com mais de sete mil integrantes, elas controlam parte do interior da Colômbia. Impõem um toque de recolher, e proíbem o transporte rodoviário no período da noite. Nesse meio século de guerrilha, já morreram em confrontos 220 mil colombianos. O atual presidente, Juan Manuel Santos, começou a negociar com o grupo no ano passado. Santos quer ser reeleito. Mas é desafiado por Oscar Zuluaga, que é contra essa negociação. A Colômbia é um país com indicadores econômicos e sociais melhores que os do Brasil. O PIB cresce em mais de 4% ao ano. A inflação é de apenas dois por cento. E a boa notícia para os colombianos é a de que, este ano ou em 2015, eles deverão ultrapassar a Argentina, como segunda economia sul-americana. Existem na Colômbia mecanismos muito criativos para diminuir as desigualdades. Em Bogotá, por exemplo, todos os serviços e impostos, como a água, a eletricidade ou o IPTU, têm cinco alíquotas. Os mais ricos pagam muito, e os mais pobres pagam pouco ou não pagam nada. Com políticas desse tipo, os governos liberais esvaziaram as propostas da esquerda. A candidata dessa corrente recebeu, no domingo, menos de 16 por cento dos votos. É assim que o mundo gira.