João Batista Natali/ Relatório expõe horrores da guerra na Síria

Vamos falar novamente da Síria.

Vamos falar novamente da Síria. O jornal britânico The Guardian e a rede americana CNN divulgaram ontem um relatório em que três especialistas em crimes de guerra descobriram novas atrocidades naquele país. Dos 130 mil mortos durante os quase três anos de guerra civil, 11 mil prisioneiros da ditadura de Bashar al-Assad morreram de tortura, execuções sumárias ou de fome. O relatório foi feito com base em 55 mil fotografias de cadáveres, tiradas provavelmente funcionários dos necrotérios. Para um dos especialistas, são evidências suficientes para levar a ditadura síria a um tribunal internacional. Al-Assad e seus subordinados não têm o monopólio da violência desumana. Os rebeldes fazem a mesma coisa, embora não exista por enquanto uma denúncia tão detalhada sobre eles. E vejam que toda essa gente estará reunida a partir de amanhã, na Suíça, para tentar uma solução negociada que ponha fim ao conflito. É muito, muito difícil que a chamada Conferência de Genebra-2 tenha um desfecho positivo. Nem todos os grupos de combatentes foram convidados ou aceitaram participar. Comecemos pela ultra-dividida Coalizão Nacional. Ela enviará representantes, que exige como primeira condição a renúncia do ditador sírio. Mas o ditador já anunciou que seus emissários não vão discutir o assunto. Al-Assad é apoiado pelo Irã, que patrocina a milícia xiita Hizbollah. A ONU convidou o governo iraniano, mas o desconvidou horas depois, por pressão americana. Com relação aos grupos próximos da Al-Qaeda, eles disseram que negociar em Genebra seria uma traição. Nenhuma novidade. Os radicais sunitas não conhecem a linguagem da diplomacia. Só falam a linguagem do terrorismo ou das armas. O encontro de Genebra foi negociado pelos Estados Unidos e pela Rússia. Participam 31 países, entre eles o Brasil. E eu repito:
dificilmente sairá coisa que preste. Agora é só esperar por novos relatórios com atrocidades de todos os lados, que são uma bofetada na humanidade. É assim que o mundo gira.

Tema: Síria