Papa Francisco pede diálogo entre Bolívia e Chile

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Jornal da Gazeta

Vocês talvez já saibam que o papa Francisco tirou esta semana para visitar a América do Sul. Esteve no Equador e amanhã vai para o Peru. Ele está hoje na Bolívia. Pois ontem, ao chegar a La Paz, o papa deu a entender que era legítima a pretensão boliviana de ter uma saída para o mar. E aconselhou que o país dialogue com o Chile. É uma história muito antiga. A Bolívia já foi dona de um lindo pedaço de mar. Mas caiu na besteira de se aliar com o Peru e entrar em guerra com os chilenos. Isso aconteceu em 1879, lá se vão 136 anos. A guerra foi longa, e depois dela o Peru e a Bolívia perderam, cada um, um pedaço de território. É por isso que os bolivianos não têm uma saída para o mar. O que a Bolívia queria lá no século 19 era se apropriar de reservas de nitrato e de cobre do deserto de Atacama, um dos lugares mais ricos e mais bonitos do mundo. As fronteiras eram meio elásticas, e três países se consideravam meio donos de todo aquele minério. Acontece que os ingleses já haviam assinado contratos de exploração com os chilenos. A Inglaterra tinha naquela época um poder muito grande. Claro que ela pesou de maneira decisiva para que o Chile ganhasse a parada. Passados tantos anos, o Chile oferece à Bolívia instalações portuárias e um corredor para construir uma estrada de ferro moderna. Mas não é isso que a Bolívia quer. Ela quer é o mar. No fundo, essa é a mais antiga e a mais complicada disputa dentro do nosso continente. Imaginem que Chile e Bolívia não têm até hoje relações diplomáticas. O papa aconselhou o presidente Evo Morales a insistir no diálogo. Mas eu não vejo, realisticamente, nenhum milagre para que ele consiga da presidente Bachelet, com uma boa conversa, o pedaço de país que perdeu durante um conflito armado. Eu também não acredito que será ainda nesta geração que os bolivianos poderão ver o mar, sem precisar atravessar a fronteira de um país vizinho. É assim que o mundo gira. Boa noite.