João Batista Natali / Denúncia de corrupção atinge cúpula chinesa

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Vamos hoje falar da China. O país foi objeto de uma denúncia grave de corrupção, que envolve familiares de governantes. Claro que a internet chinesa foi censurada para que a informação não circulasse. Eis que, no momento em que a censura era aplicada, um blecaute atingiu os 500 milhões de usuários chineses da rede mundial de computadores. Não há como provar a ligação de uma coisa com a outra. Mas é possível que tenha sido a repetição da fábula do feitiço que se voltou contra o feiticeiro. Vejamos a denúncia de corrupção. Ela partiu do consórcio internacional de jornalistas investigativos. Segundo o jornal britânico The Guardian, nos últimos 14 anos, entre um trilhão a quatro trilhões de dólares saíram da China e foram parar em paraísos fiscais. Mas ao lado de empresários bilionários, o dinheiro também pertencia a parentes do presidente Xi Jinping, do ex-presidente Hu Jintao. A fortuna pessoal dos dirigentes do Partido Comunista é um assunto tabu. Mais uma vez, é difícil saber qual a relação entre a censura a esse noticiário e a maior pane mundial na história da internet. O New York Times diz que essa pane foi provocada justamente pela imensa rede de filtros, que bloqueia o acesso a sites censurados. O bizarrro é que o tráfego da internet chinesa passou a ser direcionado a provedores que em princípio ela procurava censurar. Um desses provedores está baseado no Estado de Wyoming, nos cafundós dos Estados Unidos. Tudo aconteceu na terça-feira, mas só deu para juntar as pontas da história hoje de manhã. Os chineses têm um sistema de busca, o Baidu, que funciona como o Google americano. Mas que só libera endereços estrangeiros que a ditadura considera confiáveis. Um chinês não pode acessar o Facebook ou outra rede social. Dessas que poderiam convocar passeatas ou rolezinhos contra o regime comunista. A moral da história é que a liberdade não é dada pela internet. Ela nasce e prospera apenas por causa da democracia. E a democracia é um bem de primeira necessidade que os chineses não têm. É assim que o mundo gira.