João Batista Natali/ Conflito entre Israel e Hamas tem a direita nos dois lados

Vamos falar novamente da Faixa de Gaza. O placar das duas semanas de conflito é trágico.

Vamos falar novamente da Faixa de Gaza. O placar das duas semanas de conflito é trágico. O Hamas matou 30 israelenses. Mas os israelenses já mataram mais de 600. Se for para pensar em termos de mocinho e bandido, podemos encerrar a conversa por aqui. A atual confusão começou quando uma facção do Hamas sequestrou e matou três adolescentes judeus. Um grupo de judeus radicais sequestrou e matou um adolescente palestino. Israel prendeu seis suspeitos e vai julgá-los. Mas do lado do Hamas os homicidas viraram heróis muçulmanos. Na semana passada, foram duas as ofertas de cessar-fogo. O Hamas as rejeitou e continuou a lançar mísseis sobre o poderoso vizinho. Hoje à tarde, um deles caiu perto do aeroporto Ben Gurion. Os vôos do Ocidente para Telaviv estão suspensos. Israel joga pesado. Primeiro com bombardeio aéreo, e agora por terra, com blindados. Há quase dois anos, durante um conflito muito parecido, a organização humanitária Human Rights Watch acusou o Hamas de instalar lançadores ao lado de escolas, de hospitais e de asilos. O roteiro está se repetindo. Israel tem um governo truculento. Não vai mudar. A velha esquerda israelense é coisa do passado. A partir dos anos 90, a chegada de uma multidão de imigrantes russos desequilibrou o país, em termos políticos e demográficos. E o Hamas? O grupo foi fundado em 1987. Tem uma carta de princípios de extrema direita. Acredita que o islamismo é a única fonte das leis. Recebe ajuda dos radicais sunitas da Síria e do Iraque. E também do regime xiita do Irã. Se for para destilar toda a ideologia, é um conflito em que a direita está dos dois lados. Só a esquerda mais ingênua acredita que o Hamas é progressista, porque é inimigo de Israel. Uma última coisa. Não é uma guerra entre Israel e palestinos. Dois terços dos palestinos estão na Cisjordânia, e não em Gaza. Os palestinos da Cisjordânia também são oprimidos por Israel. Mas não levam bomba na cabeça. Eles deixaram de lado essa história de destruir Israel e atirar os judeus ao mar. É assim que o mundo gira.