João Batista Natali/ Boeing 777 cai na Ucrânia com 295 pessoas a bordo

Vamos falar do avião da Malaysian Airline, que foi derrubado, agora à tarde, quando sobrevoava a Ucrânia.

Jornal da Gazeta

Vamos falar do avião da Malaysian Airline, que foi derrubado, agora à tarde, quando sobrevoava a Ucrânia. A primeira pergunta é bem simples. Se o Boeing 777 foi atingido por um míssil, a quem interessa o crime? A resposta também é simples. A ninguém. Os separatistas, que são apoiados pela Rússia e controlam o leste da Ucrânia, acusam o governo ucraniano. Mas a Ucrânia acusa os separatistas. É um jogo de empurra-empurra, sem comprovação nenhuma. Vejamos os antecedentes. Na segunda-feira, os separatistas derrubaram um avião de transporte militar ucraniano. E ontem atingiram com um míssil um aparelho de combate. A Rússia fornece armas sofisticadas aos separatistas. Mas eles não cometeriam a loucura de praticar um atentado desse tamanho. Seria um tiro no pé. A BBC diz que os rebeldes não têm mísseis de longo alcance. Não poderiam atingir um avião de passageiros que voava a dez quilômetros de altura. Mesmo assim, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, é um pouco o mordomo nessa história. Mas ele tomou a iniciativa de telefonar para Barrack Obama, tentando provar que não teve nada a ver com isso. O fato é que Obama deu uma longa e emocionada declaração, mas não chegou a insinuar que os russos estavam envolvidos. Vladimir Putin é um homem frio. Não segue nenhum manual de ética. Mas ele também não é idiota para provocar uma comoção internacional, da qual a Rússia seria a grande perdedora. Existe um precedente. Em 1983, há 31 anos, um míssil soviético derrubou um Jumbo da Korean Air Lines. Morreram 296 passageiros e tripulantes. Foi na época da Guerra Fria. A história nunca foi muito bem explicada. Os russos disseram que o avião invadiu seu espaço aéreo, não se identificou e desobedeceu a ordem para ir embora. O comandante era militar, e também piloto do presidente sul-coreano. Poderia até ser um vôo para testar a defesa aérea soviética. E deu no que deu. É assim que o mundo gira.