Japão tenta censurar aberração da Segunda Guerra

Vou falar hoje de escravas sexuais. Surgiu no Japão uma polêmica sobre a necessidade falar sobre o sequestro de mulheres, forçadas a fazer sexo com soldados, durante a Segunda Guerra Mundial.

Jornal da Gazeta

Vou falar hoje de escravas sexuais. Surgiu no Japão uma polêmica sobre a necessidade falar sobre o sequestro de mulheres, forçadas a fazer sexo com soldados, durante a Segunda Guerra Mundial. Foram 200 mil mulheres, sobretudo coreanas, com idade de 14 a 20 anos. O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, está pressionando para que esse episódio não seja citado na comemoração dos 70 anos do fim da guerra. O governo de Abe está pressionando uma editora americana, para que ela elimine os parágrafos de um livro de história que aborda essa aberração. Também pressiona a rede pública de TV japonesa, a NHK, para que feche o bico sobre o assunto. O governo japonês comete uma imperdoável leviandade. A história é feita por episódios heroicos e vergonhosos. Os japoneses também escravizaram mulheres chinesas na Manchúria, que o Japão invadiu em 1931. Não adianta dizer que o Japão é um coitadinho, porque perdeu na guerra 2 milhões de militares e 300 mil civis. Ou que levou duas bombas atômicas em 1945, antes de se render para os americanos. Isso não o perdoa. A escravidão sexual é um episódio muito feio da história. As novas gerações precisam conhecer o que é menos dignificante. O jornal Washington Post diz, hoje, que um grupo de historiadores americanos já reclamou contra a tentativa de censura do atual governo japonês. Na Coreia do Sul, organizaram manifestações diante da embaixada do Japão. A escravidão de mulheres foi praticada também pela Alemanha. Algo como 34 mil mulheres foram escravizadas na Europa pelos nazistas. E agora, nos dias de hoje, dois grupos radicais islâmicos praticam a escravidão sexual. O Boko Haran, na Nigéria, e o Estado Islâmico, no Iraque. Precisamos nos indignar, com o passado e com o presente. A guerra tem muita safadeza, tem crimes contra direitos fundamentais. Um deles é a inviolabilidade do corpo do ser humano. É assim que o mundo gira. Boa noite.