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Incertezas na política, riscos na economia

Comentário de Economia, com Denise Campos de Toledo.

Jornal da Gazeta

Pra quem imaginou que já tinha passado o primeiro impacto, hoje tivemos uma reação até pior do mercado financeiro, principalmente aqui no Brasil. O mercado continua especulando com os possíveis efeitos da política econômica que poderá ser implementada por Donald Trump. De um lado, se prevê um aumento de obras, de investimentos, que gere mais atividade para as empresas e emprego. Isso ajudou numa certa reação positiva das bolsas, fora o pronunciamento feito por ele ontem, após a vitória, em tom bem mais conciliador, dando a idéia de que não será tão radical, como presidente, como foi como candidato. Mas parte das propostas pode vingar. Daí a reação do mercado. Tem esse aspecto positivo, dele procurar estimular a atividade. Só que ele também defende a redução de impostos, aumento de gastos, é contra mudanças da Previdência. São medidas populistas, que agradam os eleitores, mas podem comprometer o orçamento, as finanças públicas. Sem esquecer que Trump ainda falava na taxação de importados, especialmente da China, o que teria impacto no comércio internacional e na inflação. Diante desses riscos, os juros dos títulos americanos avançaram forte, aumentando a pressão sobre o dólar. Foi o que mais induziu essa disparada que tivemos hoje no Brasil. Agora, fora o efeito Trump, ainda tem as questões domésticas. O mercado também reagiu à divulgação das imagens do cheque nominal que Michel Temer teria recebido da Andrade Gutierrez, que pode interferir no julgamento da chapa Temer/Dilma pelo TSE. São, ainda, as incertezas da política brasileira, as investigações da Lava Jato. Tudo isso traz riscos pra economia, que ainda patina numa tentativa de recuperação. Se o dólar permanece em patamar mais alto pode afetar a inflação, comprometendo a possibilidade de mais cortes dos juros, e, consequentemente, a atividade. Enfim, riscos externos e internos pautaram hoje o comportamento do mercado e podem ter reflexo efetivo sobre o andamento da economia. Eu volto na segunda. Até lá.

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