Governo Temer quer uma agenda positiva

Comentário de Economia, com Denise Campos de Toledo.

Jornal da Gazeta

O governo quer mostrar serviço, No apagar das luzes de 2016 podemos ter o esboço de uma reforma financeira e também trabalhista. O Banco Central deve avançar com medidas que foram apresentadas no pacote da semana passada, com o objetivo de reduzir os juros, principalmente, dos cartões. Para isso deve ser autorizada a cobrança de valores diferentes, dependendo da forma de pagamento das compras, o uso de uma mesma máquina para as várias bandeiras de cartões, além da redução do prazo de reembolso dos recursos, para comerciantes e prestadores de serviços. Também deve ser formalizado o uso do cadastro positivo, para que bons pagadores tenham acesso ao crédito mais barato. Por outro lado, deve aumentar prazo e vincular as Letras de Crédito Imobiliário e as Letras de Crédito Agrícola às respectivas áreas, evitando que instituições emitam esses papéis apenas para usufluir da isenção tributária. Para ampliar mais o crédito para o setor, ainda deve ser regulamentada a Letra Imobiliária Garantida. Entre as medidas de mais longo prazo pode ser retomada a conversa sobre a autonomia do Banco Central, pra reafirmar a independência das decisões sobre os juros, e a redução do crédito direcionado, como do BNDES, que enfraquece a política do BC, quando quer aumentar ou reduzir a liquidez do sistema. Já em em relação às regras trabalhistas, o governo pode criar uma jornada intermitente, com contratação por hora trabalhada, sem jornada ou dias fixos, aumentar o prazo de contratação temporária e dar maior flexibilidade às negociações. Essas mudanças são mais questionadas, pelo risco de o imediatismo, num momento de fragilidade do emprego, estabelecer maior informalidade, com menos segurança para os trabalhadores. O governo quer estabelecer uma agenda positiva e é importante que faça isso, já que as perspectivas para a retomada do crescimento continuam piorando. Mas é preciso cuidado para que a busca por resultados de curto prazo não gerem efeitos estruturais mais negativos. No caso do crédito, o que fará mais diferença será a redução dos juros básicos e o aumento da confiança, que depende de mudanças muito maiores da economia. Assim como o emprego também depende da confiança e da própria retomada do crescimento. Eu volto na quinta. Até lá.

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