Governo espera R$ 190 bi no plano de concessões

O governo fala numa injeção de recursos de até 190 bilhões de reais com as concessões, nos próximos anos.

Jornal da Gazeta

O governo fala numa injeção de recursos de até 190 bilhões de reais com as concessões, nos próximos anos. E potencial pra isso existe. São muitas obras previstas e necessárias nas áreas de transportes, envolvendo, rodovias, ferrovias, portos e aeroportos. Agora é ver a implementação. Começa pelas regras a serem definidas pelo governo nesta terça feira. O chamado marco regulatório será muito importante para a atração dos investimentos. É preciso exigir dos interessados compromisso com a melhoria dos serviços, com a execução dos projetos da forma prevista. Mas os investidores terão de contar com uma maior segurança jurídica e financeira. Alguns projetos, no passado, despertaram pouco interesse porque o governo ou quis manter um controle excessivo, como no caso dos aeroportos, ou limitou demais o potencial de lucratividade. O sucesso dessa nova rodada de concessões vai depender muito disso. É ver até onde vão as mudanças da Dilma 2 em relação ao que Dilma 1 defendia. Tem até um componente ideológico. As concessões, para muitos, são uma privatização envergonhada, pra quem sempre viu o capital privado mais como explorador do que como eventual parceiro. Mas a realidade impõe mudanças. É isso ou acumular ainda mais atraso em áreas estratégicas para o País. O dinheiro público já não dá pra nada. Por outro lado, a economia precisa de oxigênio. Os projetos de infraestrutura, apesar da longa maturação, geram mais atividade, emprego, demanda por máquinas e equipamentos, e até confiança, na medida em que os empresários percebem que há uma agenda positiva. Agora, isso não significa uma virada no atual quadro de estagnação. Os ajustes para correção de rota ainda estão em andamento. Fatores como queda da demanda, inflação elevada, aumento de impostos, de juros e desemprego vão continuar prejudicando a atividade econômica, em geral, a vida das empresas e dos cidadãos. Situação que pode se arrastar até 2016, pelo menos. As concessões são, na verdade, uma indicação de planejamento de mais longo prazo em meio aos ajustes mais urgentes, como das contas públicas. E ajustes que ainda podem ter uma conta bem mais pesada que se previa. Eu volto na quinta. Até lá.