Esquerdista moderado deverá governar o México

Comentário de Política Internacional, com João Batista Natali.

O México não é só o país que vai jogar na segunda-feira com o Brasil. É uma economia mais rica que a nossa. Tem um PIB per capita em 4 mil dólares maior que o brasileiro. Mas o México também sofre com imensas desigualdades sociais. E são essas desigualdades vão eleger López Obrador, como presidente da República para os próximos seis anos. A eleição é no domingo. As pesquisas dão a ele 49% dos votos. E como não tem segundo turno, a esquerda que o apoia já enxerga a votação como simples formalidade. López Obrador solta fumaça pelo nariz e pela orelha, mas é no fundo um esquerdista moderado. Não há fuga de capitais, nem especulação contra o peso mexicano. Por estranho que pareça, a campanha eleitoral que ele fez não teve como alvo o presidente Donald Trump. E ninguém acredita que ele possa transformar o México numa nova Venezuela. Ele quer que os mais ricos paguem mais impostos. E se define como uma espécie de Messias contra a corrupção. Mas é curioso que ele ache que um presidente pode investigar e punir corruptos, quando, na verdade, o importante é fortalecer o Judiciário e os mecanismos de investigação. Obrador quer transformar o palácio presidencial em museu, e abrir os jardins do palácio para o povão. O crime organizado é um problema sério, num país em que o narcotráfico é responsável por quase 90 assassinatos por dia. Obrador promete a repressão, e mais programas sociais, que afastem a juventude dos traficantes. Esse conjunto de promessas pode até funcionar. Mas é preciso dinamizar a economia, e o atual presidente, Peña Nieto, deixou que o PIB crescesse só 2% ao ano. E é preciso pensar em como sobreviver, se os americanos de Trump acabarem com o Nafta, a zona de livre comercio com os Estados Unidos e o Canadá. Tem muita casca de banana em que Obrador pode escorregar. Mas ele pode até dar certo. Seria uma exceção, no processo de encolhimento das esquerdas na América Latina. É assim que o mundo gira. Boa noite.