Economia entrou numa bola de neve ao contrário

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Jornal da Gazeta

Pelo andar da carruagem, em 2015 as vendas do varejo vão cair, vão ser menores do que foram em 2014. Por ora, pelo menos abril, estão caindo.
A última vez em que a quantidade de consumo caiu de um ano para o outro foi em 2003, quase doze anos.
Mas a situação é a pior em mais de uma década? Pior em termos de quê? De 2004 a 2012, o consumo médio por pessoa no Brasil aumentou 87%, um crescimento de quase 8% ao ano, tão rápido quanto o avanço da economia chinesa. O nível de vida melhorou bem, em termos de consumo pessoal.
Logo, o padrão de vida, mesmo caindo, vai ficar bem acima do que era mesmo em 2013.
Isso quer dizer que a crise é mansa? Claro que não. A gente soube nesta semana que o consumo está diminuindo muito rápido, desta vez para velocidade zero e abaixo de zero: regredindo.
A população não compra por que a inflação leva o rendimento, sobram dias no mês e falta salário. Não compra porque tem medo de perder o emprego. Enfim, porque ficou assustada com a reviravolta da economia logo que o governo Dilma reassumiu.
Esse desânimo e perda de renda vão fazer o desemprego aumentar ainda. O que vai fazer a o consumo cair mais. A economia entrou em um círculo vicioso, numa bola de neve ao contrário. A economia não cresceu no ano passado, vai encolher este ano e não vai recuperar o que perdeu em 2016. Ou seja, vai regredir por três anos.
Ou seja, crise não quer dizer que o Brasil vai regredir ao nível de dez anos atrás. Mas vai perder pelo menos três anos parado. O conserto das bobagens feitas no governo Dilma 1, se derem certo, duram pelo menos até a eleição do presidente, em 2018. Até lá, o Brasil cresce devagar. Apesar de o consumo ter aumentado, é óbvio que o país ainda é pobre, pior ainda por ser muito desigual.
Sim, a gente melhorou, o mundo não vai acabar etc. Mas somos ainda pobrezinhos demais para perdermos tanto tempo, por causa de erros tão primitivos, como deixar a inflação crescer, como gastar além da conta e de modo errado.