Donos do dinheiro estão animados com impeachment

A cada meia dúzia de deputados que declara voto pelo impeachment de Dilma Rousseff, o dólar cai, a Bolsa sobe.

A cada meia dúzia de deputados que declara voto pelo impeachment de Dilma Rousseff, o dólar cai, a Bolsa sobe. Na verdade, os donos do dinheiro estão mais animados até que os políticos da oposição, que ainda brigam para ter maioria no domingo.
Mas faltam menos de 20 votos dos 343 votos necessários para o impeachment passar na Câmara. É com isso que os chamados "mercados" estão eufóricos: com o possível enterro do governo do PT.
Como se sabe, no domingo a Câmara dos Deputados decide se manda o processo de impeachment da presidente para o Senado. Se a coisa for para o Senado, difícil que Dilma resista no cargo.
O dólar caiu a R$ 3,47. Vamos lembrar de novo que, em janeiro, a moeda americana valia quase R$ 4,20. Na Bolsa, alguma ações subiram cerca de 100% em dois meses, como as da Petrobras.
Por que tanta animação? A crise começa a acabar na semana que vem, com a vitória da oposição na Câmara? Nem de longe. Mas, com Dilma, a situação pioraria. Sem Dilma, talvez pare de piorar, com chance de alguma mudança.
Como os papéis no mercado financeiro, como algumas ações, estavam muito baratos, com preços no chão, no mínimo pode se especular com uma alta temporária. Pelo menos nos primeiros meses, haveria uma boa vontade com o governo de Michel Temer. Se ele vai de fato corresponder às expectativas, são outros 500.
E o que significa corresponder às expectativas? Primeiro, conter gastos do governo e fazer políticas em geral na direção contrária do que fez Dilma. O gasto social vai cair, não tem jeito. Vários Estados não tem nem como pagar salários.
Vai haver um período de "sacrifícios", como o próprio Temer disse no discurso de posse que vazou pelo celular, esta semana. Isto é, pode ser que a situação pare de piorar no final do ano. No máximo.
Por enquanto, as coisas vão muito mal. A empresa Serasa contou hoje que 60 milhões de brasileiros estão com dívidas em atraso. Trata-se de 41% das pessoas com mais de 18 anos. Quase 3 em cada 4 das pessoas com dívidas em atraso ganham menos de dois salários mínimos.