Dom Paulo Evaristo Arns morre aos 95 anos

Seja como Padre, Bispo ou Cardeal, dom Paulo, foi um defensor da liberdade e dos direitos humanos.

Jornal da Gazeta

O cardeal estava internado desde o dia 28 de novembro e tratava uma broncopneumonia. A repórter Carla Rodeiro esteve na Catedral da Sé e acompanhou os preparativos para o velório do arcebispo emérito de São Paulo.

Seja como Padre, Bispo ou Cardeal, dom Paulo, foi um defensor da liberdade e dos direitos humanos. Recebeu o codinome de "inimigo número um da ditadura brasileira”, depois de décadas de luta incessante contra as torturas praticadas nos anos de chumbo.

Em 1977, a mulher do presidente americano Jimmy Carter, Rosalynn Carter, veio ao Brasil, na época governado pelo ditador Ernesto Geisel. Lynn, Como era conhecida, pediu uma audiência a dom Paulo e foi recebida por ele em casa. O encontro durou mais ou menos umas duas horas e dom Paulo contou a ela das torturas e assassinatos promovidos pela ditadura. No dia seguinte a Folha de São Paulo saiu com uma manchete inesquecível de Alexandre Gambirásio: " vou contar tudo ao Jimmy", diz Lynn. Há 40 anos o Brasil vivia um tempo escuro, mas a coragem de alguns homens brilhava.

O Jornal da Gazeta também exibe um trecho de uma conversa informal entre dom Paulo e Clarice Herzog, recentemente gravada na casa em que morava o Cardeal. Dom Paulo relembra juntamente com Clarice Herzog, viúva de Vlado,como foi o culto ecumênico, celebrado em 1975, na Praça da Sé, no auge da ditadura militar.