Compartilhe
Dinheiro do PIS-Pasep não resolve, mas ajuda
Comentário de Economia, com Vinicius Torres Freire.

Jornal da Gazeta
Agora, Michel Temer acaba de sancionar a lei que permite o saque do dinheiro que estava parado no PIS e no Pasep, para quem trabalhava entre 1971 e 1988. Não há mais limite de idade. Se todo mundo sacar, dá quase R$ 40 bilhões.
Vai fazer diferença no crescimento do país?
Alguma, deve fazer. Quanto, não sabemos, porque a economia virou um tumulto depois do paradão caminhoneiro e de suas consequências políticas.
Antes do caminhonaço, esperava-se ainda que o país crescesse 2,5% neste ano. Agora, a tendência é achar que a economia cresça 1,5%. É uma diferença bem grande.
No entanto, não estava entrando nessa conta esse dinheiro do Pis/Pasep, que representa mais de 0,5% do PIB, de tudo o que a economia produz em um ano.
Também é difícil dizer que esse dinheiro vai fazer efeito como o FGTS fez no ano passado. O país levou um choque depois do caminhonaço.
As taxas de juros no atacadão no mercado, que ajudam a decidir investimentos das empresas, subiram.
Parece ter havido um choque de confiança, embora os números sejam muito preliminares ainda. Com a bagunça e o resultado incerto da eleição, as empresas estão indo para a retranca, sem contratar e investir. Com os consumidores, pode ser que as pessoas poupem em vez de gastar, com medo do futuro. Isto é, quem tem algum para poupar.
Até abril, a recuperação econômica continuava, devagar, mas ia pra frente. Vimos hoje que o comércio em abril teve um bom resultado, dizem os números do IBGE.
Os resultados de maio devem ser horríveis, por causa do paradão caminhoneiro. Em junho, deve haver alguma compensação, uma volta à normalidade. Só vamos saber mesmo como ficou a economia lá pelo final de julho.
Mas, no resumo da ópera, mal esse dinheiro do PIS/Pasep não vai fazer. Vai ser um chorinho bom, uma dose extra que pode evitar caída pior ou dar até uma reanimadinha. Não resolve nossos problemas graves, nem de longe. Mas é melhor do que nada.