Compartilhe
Construção civil afunda de modo assustador
Comentário de Economia, com Vinicius Torres Freire.

Jornal da Gazeta
A cada 100 empregos com carteira que existiam faz um ano, 14 desapareceram. A coisa está nesse ritmo desde o final de 2015. E não está com jeito de melhorar.
Agora em janeiro, se foram mais 363 mil empregos, na comparação com o ano passado.
É o que a gente viu hoje, no balanço dos empregos com carteira assinada, feito pelo ministério do Trabalho.
No emprego em geral, a coisa ainda vai mal. No conjunto, o corte dos empregos com carteira vai perdendo ritmo, mas ainda é horrível. Queda de uns 3% ao ano, no total da economia. Mas, na construção civil, a baixa está no ritmo de 14% ao ano.
Por que a construção civil é o setor maior que mais apanha? Vários motivos.
Porque não há pouco crédito para comprar casas. Quem tem crédito e dinheiro, não quer se arriscar agora.
Porque as empresas não precisam de escritórios e construções novas. Não estão usando nem o que tem, porque a produção caiu muito.
Outro motivo muito importante, porque o governo cortou gasto em lugar errado, em investimento público em obras, que caiu quase pela metade em dois anos. Sem obra pública, mais desemprego na construção civil.
Mesmo sem dinheiro, o governo poderia passar serviços públicos para a iniciativa privada, como concessões de estradas e outras obras. Mas não consegue, está uma lerdeza vergonhosa.
Sem obra, sem crédito e coragem pra comprar casa ou investir em empresa nova, a construção civil afunda de modo assustador.
Para piorar, a construção é um setor importante, que "puxa" outros setores consigo quando vai bem. Quando tem obra, tem venda de cimento, aço, vidro, tinta, plástico, móveis. As transportadoras trabalham mais. Se compram mais máquinas e caminhões para as obras.
Quando a construção civil emperra, um monte de negócios importantes para junto.
O que fazer no curto prazo? Concessão, passar serviços e obras para empresas privadas construírem rodovia, ferrovia, esgoto, aeroporto o que for. Mas o governo tem sido muito incompetente nessa história.