A condenação de Carlos “Chacal”

Comentário de Política Internacional, com João Batista Natali.

Jornal da Gazeta

Então, o terrorista venezuelano Carlos, o Chacal, foi condenado hoje, pela terceira vez, na França, à pena de prisão perpétua. Desta vez por um atentado que ele cometeu há 42 anos, em Paris, e que matou duas pessoas. Essa condenação é importante, porque ela nos lembra um tipo de terrorismo que - felizmente - não existe mais. Nos anos 70 o terrorismo não era praticado pelos grupos radicais islâmicos. Existiam naquela época dois tipos de grupos clandestinos envolvidos em atentados. De um lado, palestinos como Al Fatah, que hoje guardaram as armas na gaveta e optaram pela ação política, para atingirem seus objetivos. Até os palestinos do Hamas mudaram recentemente de ideia. Em lugar de atacar civis em Israel, o grupo sunita, que controla a Faixa de Gaza, se afastou do radicalismo armado e quer virar um grupo pacífico, como a Irmandade Muçulmana, do Egito. A segunda forma de terrorismo, há 40 anos, era praticada por grupos da extrema-esquerda. Na Europa, havia o Ação Direta, na França, o Baader Meinhof, na Alemanha, ou as Brigadas Vermelhas, na Itália. Essa gente era vista com certa condescendência pela esquerda mundial. Dizia-se que eles defendiam uma boa causa, mas usavam métodos equivocados para chegar perto do socialismo. Esses pequenos grupos clandestinos foram desmantelados pela polícia e pelo judiciário, e hoje a esquerda radical faz militância à luz do dia. Pede voto nas eleições, sem máscaras encobrindo o rosto. Mas não podemos ser tolerantes, nem quando falamos do passado, quando falamos daquilo que já passou para a história. Terrorismo é terrorismo. Carlos, o Chacal, é hoje um senhor de 67 anos. Ele se define como um "revolucionário profissional". Antes de ser preso, em 1994, deu uma entrevista, em que disse ter matado pessoalmente 80 pessoas. Sangue nas mãos de um terrorista não sai com o tempo ou com água e sabão. Carlos, o Chacal, vai morrer na prisão pelo sangue que derramou. É assim que o mundo gira. Boa noite.