Como funcionam os empréstimos do BNDES

Comentário de Economia, com Vinicius Torres Freire.

Jornal da Gazeta

A polícia começou a investigar empréstimos do BNDES para pelo menos uma grande empresa. O que é o BNDES? Por que as grandes empresas, em especial, gostam tanto dele?
É um banco que dá empréstimos em condições especiais. Isto é, com juros menores que os de mercado, em geral, e com prazos longos.
Por quê? Porque o sistema financeiro do país é meio primitivo. Empresta em prazo curto e com juro alto demais. Para fazer grandes investimentos, que demoram a dar retorno, não dá para pegar empréstimo em banco normal. Empresa pequena, inovadora, também fica sem crédito.
Qual o problema maior do BNDES? No final dos anos Lula e nos anos Dilma, houve um imenso, extraordinário exagero no BNDES. Emprestaram demais, a juro muito baixo, para as empresas investirem, para o país crescer. Mas as empresas pouco investiram a mais.
O dinheiro do banco em parte vem do FAT, fundo de amparo ao trabalhador, isso mesmo. Mas era pouco para os planos muito errados de desenvolvimento do PT.
O governo então emprestou dinheiro para o BNDES. Desde 2008, cerca de 500 bilhões, meio trilhão de reais.
Mas o governo não tinha esses 500 bilhões. Foi ao mercado financeiro e tomou esse dinheiro emprestado, pagando uma certa taxa de juros. Fez mais dívida cara.
Mas o BNDES empresta esse dinheiro a uma taxa de juros muito menor. Ou seja, no fim das contas, o governo toma emprestado a uma taxa alta e seu banco empresta para as empresas a uma taxa baixa, por vezes abaixo da inflação.
Quem paga essa diferença? Cai na conta do governo, nossa, dos impostos. Para piorar, mal deu resultado. O governo fez mais dívida, pagou mais juros, ficou encrencado, mas o investimento em novos negócios não aumentou. Foi um desastre.
Como são escolhidas essas empresas que recebem empréstimos baratos e dinheiro da sociedade do BNDES? Muitas têm bons projetos. Mas nem sempre precisam de dinheiro barato. Em outros casos, ficou a suspeita de que se deu o empréstimo barato porque as empresas eram amigas de gente do governo.
É isso que está sendo investigado. Pode ser mais um caso em que a proximidade excessiva entre governo e empresas pode acabar em promiscuidade.

Leia mais sobre:

Siga o Jornal da Gazeta nas redes sociais