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Bolsonaro e Paulo Guedes afinam discurso econômico
Comentário de Economia, com Denise Campos de Toledo.

Jornal da Gazeta
Incertezas em relação à gestão da economia podem produzir desgaste e consequências desnecessárias, como os movimentos do mercado financeiro. Além de reforçar a sintonia, tiveram a preocupação de mostrar que, a partir de agora, o governo e os bancos devem ter uma gestão mais transparente, sem direcionamento das operações e com abertura das "caixas pretas". Na verdade, já houve um bom avanço nesse sentido, tanto pelas investigações da Lava Jato como pela mudanças implementadas durante o governo Temer.
Já se sabe quem eram as empresas, grupos e países amigos, beneficiados com financiamentos direcionados, que hoje são alvo até de calotes, como da Venezuela e de Cuba, nos empréstimos concedidos pelo BNDES. Dívidas que, se não forem pagas, terão de ser assumidas pelo Tesouro. Mas o BNDES, através de manobras fiscais, também recebeu repasses volumosos, que se transformaram em dívidas no sentido contrário. Já devolveu mais de 300 bilhões de reais ao Tesouro, ainda deve cerca de 260 bilhões, prevendo a devolução de uns 100 bilhões agora em 2019. A
Caixa deve outros 40 bilhões e, para pagar, deve abrir capital, com venda de ações, de algumas áreas, como cartões, seguros, administração de investimentos e loterias. O Banco do Brasil também deve reduzir os ativos, restringindo as áreas de atuação. Além dos ajustes financeiros e auditorias, os bancos estatais devem ter uma redefinição dos focos de interesse.
Como disse o ministro Paulo Guedes, houve um desvirtuamento das instituições públicas, com o crédito do Estado usado por "piratas privados, democratas corruptos e criaturas do pântano político". É o que o novo governo pretende reverter. Mas são instituições que podem ter papel relevante na retomada de investimentos e da atividade. Se a intenção não é uma total privatização dos bancos públicos, que se busque a maior eficiência possível. Boa noite.