Marina precisa explicar contradições e recuos

Comentarista de Política do Jornal da Gazeta, Bob Fernandes fala sobre o desempenho de Marina Silva, candidata à Presidência da República, na disputa eleitoral.

Jornal da Gazeta

Marina disparou nas pesquisas, é hoje a favorita na disputa pela presidência. Mas as óbvias contradições da candidatura se acumulam, levam a tropeços e dúvidas.
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Lançado o Programa de Governo, mudanças de rumo em menos de 24 horas. Marina alegou "enganos" na redação.
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Entre outras questões que igrejas evangélicas rejeitam, casamento homossexual e criminalização da homofobia foram excluídos do Programa.
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Coincidência, ou não, a meia volta deu-se horas depois de ataques do tal pastor Malafaia.
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Em outro recuo disse não haver consenso quanto ao uso de energia nuclear, também suprimido do mesmo Programa de Governo.
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Algo vai mal quando um tipo como Marco Feliciano encontra espaço para comandar os Direitos Humanos no Congresso em um governo do PT e de Dilma.
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Um Malafaia pressionar Marina publicamente sem a devida resposta imediata e pública já é, só o conjunto da obra, uma aberração.
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Nas últimas eleições todas, deprimente o temor generalizado de candidatos favoritos diante das ameaças de tais tipos.
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Inaceitável a desmoralização progressiva do princípio do Estado laico em governos das últimas décadas.
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Em busca de votos no eleitorado religioso conservador, governos e candidatos têm se ajoelhado.
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Uma passada d´olhos na radiodifusão, na mídia eletrônica, e se constata o agachamento.
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Recordemos: em canto algum do mundo acabou bem a mistura de assuntos de Estado com religião.
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As contradições estão aí. Espera-se que Marina vá fundo nas respostas. E isso inclui origem e negócios do jatinho usado pelo PSB até a morte de Eduardo Campos.
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O tesoureiro da campanha, Marcio França (PSB-SP), chegou a dizer que documentos do caso teriam desaparecido com o avião. Isso soa a deboche.
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Dilma é cobrada da Petrobras -como deve ser- à dentadura doada em Paulo Afonso. Lula e Aécio são ironizados pelo "não saber" nos chamados "mensalões" do PT e PSDB.
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Até por ser a favorita no momento, Marina não pode deixar de esclarecer suas contradições. E questões graves como a do jatinho. Sem flutuação verbal e labiríntica.