Ainda há muito mistério no caso Trump-Rússia

Comentário de Política Internacional, com João Batista Natali.

A relação entre Donald Trump e o governo russo envolve espionagem. Mas por enquanto, conhecemos apenas fragmentos, que não fecham uma história completa. A questão básica é se Trump deve aos russos a eleição dele como presidente dos Estados Unidos. Vamos por partes. Os serviços secretos de Vladimir Putin estavam atrás dele há muitos anos. Mas não era um interesse político. Os espiões queriam saber se Trump, um magnata de porte mundial, tinha relações com os inimigos do ditador russo. Vem daí o boato de que os russos filmaram orgias sexuais, com a participação de Trump. Mas ninguém tem certeza de que esses vídeos realmente existem. A segunda história é mais banal. Os russos estavam por trás do vazamento de milhares de e-mails de Hillary Clinton, e da equipe dela, no Partido Democrata. O vazamento machucou a reputação da candidata. Demonstrou que arquivos pessoais dela eram vulneráveis. São arquivos eletrônicos reunidos desde que ela era a chefe da diplomacia americana, no primeiro mandato de Obama. A última história embutida nessas duas, está na confusão criada, há uma semana, quando a CNN disse os russos fabricaram um dossiê sobre Trump. Eram informações reunidas em 25 páginas, e obtidas por um ex-jornalista americano e por um espião inglês aposentado. O documento foi entregue a Obama pelos serviços secretos americanos. Segundo o New York Times, ele disse que o texto não tinha nem pé, nem cabeça. O mesmo documento foi entregue a Donald Trump. Como ninguém sabia o que tinha dentro dele, a fofoca era de que lá estava o episódio das orgias sexuais em Moscou. Ou que o futuro presidente americano poderia ser chantageado por Vladimir Putin. Uma publicação seríssima, a New York Review of Books, recebeu esse documento em cópia original, em russo. E encomendou uma tradução. Pois essa tradução é bem mais magra que os boatos que ela gerou. Mas não esqueçam que, onde tem fumaça, pode ter fogo. E esse fogo é incômodo para Donald Trump. É assim que o mundo gira. Boa noite.