Há 46 milhões de vítimas da escravidão no mundo

Comentário de Política Internacional, com João Batista Natali.

Eu tenho hoje uma boa e uma má notícia. A boa notícia é a de que as políticas públicas que vigoram no Brasil. nos últimos 30 anos, reduziram a quase nada o trabalho similar à escravidão. É apenas 0,08 por cento da população. O Brasil está lá em baixo, na posição número 151, na lista de países em que pessoas ainda são escravizadas. É um levantamento feito por uma ONG humanitária, com sede na Austrália, a Walk Free Foundation. A má notícia é a de que a escravidão ainda é muito praticada em todo o mundo. São 46 milhões de vítimas. Pela ordem, existem mais escravos na Coreia do Norte, no Uzbequistão, no Camboja, na Índia e no Qatar. A Coreia do Norte é um horror. É um regime comunista, e deveria ao menos respeitar o princípio da igualdade. Mas é o governo que escraviza. É o trabalho forçado de contraventores ou de dissidentes políticos. Em termos absolutos, a Índia é o país com mais escravos. São 1 milhão e 200 mil. Vocês poderiam perguntar como é que isso acontece num país, que em duas décadas reduziu a pobreza pela metade? São hoje só 22% da população. E que também criou uma classe média dinâmica e com vocação ao empreendedorismo. Acontece que uma odiosa tradição da Índia obriga os filhos e os netos a trabalhar de graça, para pagar as dívidas dos pais. Mesmo que os pais já tenham morrido há muito tempo. Existem ainda as mulheres obrigadas a se prostituir, para pagar a dívida das famílias delas. A ONG que compilou todas essas informações demonstra um lado nojento e vergonhoso da humanidade. Temos com isso um par de lições importantes. Uma delas é que não há democracia, não há economia de mercado de verdade, em lugares onde o trabalhador não seja remunerado pelo trabalho que faz. Outra lição é que a escravidão não é apenas imoral. Ela é algo que nos libera para brigar, até com arma em punho. Sem liberdade de trabalho não existe liberdade de nenhum outro tipo. É assim que o mundo gira. Boa noite.