Descubra a relação entre a Semana de Arte Moderna e a Gazeta

Publicado em: 15/02/2022 - Última atualização: 02/08/2023 - 15h25

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Por Letícia Gines / Site TV Gazeta

Há 100 anos, entre os dias 13 e 15 de fevereiro de 1922, uma São Paulo muito diferente da que conhecemos hoje recebia o que viera a se tornar um dos maiores marcos da história da sua produção artística e cultural: a chamada ‘Semana de Arte Moderna’. O evento, que aconteceu no coração da Terra da Garoa, foi organizado por diversos intelectuais e ativistas e reuniu alguns dos maiores artistas e escritores brasileiros de todos os tempos. No entanto, você conhece a relação da #NossaGazeta com este momento histórico?

O que foi a ‘Semana de Arte Moderna’?

Foi mais ou menos no ano de 1912, de acordo com historiadores, que o escritor Oswald de Andrade teve o seu primeiro contato com o modernismo em uma viagem que fez para a Europa durante o alvorecer das chamadas ‘vanguardas europeias’. Do outro lado do oceano, movimentos como expressionismo, futurismo, dadaísmo e surrealismo propunham justamente uma ruptura com a arte tradicional.

Aproximadamente dez anos depois, esses movimentos encontraram uma São Paulo recém construída e ansiosa para se modernizar, além de um punhado de escritores brilhantes tão ansiosos quanto para fazer isso acontecer. Bem em frente ao prédio da Gazeta, na rua Líbero Badaró, morava o poeta Menotti Del Picchia em um quarto de hotel, e Oswald de Andrade mantinha sua quitinete frequentada pelos espíritos criativos de seus amigos Guilherme de Almeida e Mario de Andrade.

Sendo assim, não é difícil entender porque Cásper Líbero, apesar de não ser poeta ou romancista mas um grande apreciador da arte da escrita em todas as suas formas, fez questão que cada um destes homens se tornassem jornalistas da Gazeta assim que assumiu o posto de diretor-proprietário, em 1918.

A Gazeta Modernista

De acordo com Dácio Nitrini, ex-diretor de jornalismo da TV Gazeta e escritor do livro ‘Cásper Líbero – Jornalista que fez escola’, de cujas páginas eternizam essa passagem histórica, as trajetórias de Oswald de Andrade e Mario escrevendo críticas culturais e fazendo entrevistas para o vespertino foram bastante agitadas.

No caso de Oswald, que assinava com o pseudônimo de Miramar, chamava a atenção seu modo irreverente em qualquer coisa que escrevia. Certa vez, entrevistou para o jornal a famosa bailarina russa Ana Pavolva, sobre a qual fez questão de destacar a banalidade. Apesar de ter permanecido pouco tempo na Gazeta, já que acabou cedendo sua vaga para o amigo Léo Vaz, o autor do ‘Manifesto Antropófago’ e Cásper permaneceram amigos pela vida toda – sendo ele, inclusive, padrinho do casamento do poeta com Julieta Bárbara Guerrini.

Já no caso de Mario de Andrade, que assinava a coluna ‘Temporada Lírica’, as críticas a 23 espetáculos artísticos agregaram uma primeira passagem um tanto mais conturbada que a do amigo. Acontece que ele chegou a ser ridicularizado por seu trabalho na própria Gazeta, pelo colega de trabalho Voltolino, que o satirizou em uma charge. Os descontentamentos e críticas constantes o resultaram em um rompimento entre ele o jornal que durou, de acordo com Dácio, cerca de 2 anos.

No entanto, de acordo com a tese de mestrado de Eduardo Tadafumi Sato para o Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo, sob o título “Mario de Andrade na Gazeta, um plumitivo incipiente?”, um trecho escrito pelo poeta logo após a Semana de Arte Moderna marca, de maneira simbólica, a reconciliação:

“A Gazeta concede-me a benfeitoria nas suas páginas para que nelas diga sobre a Semana de Arte Moderna. Quero, antes de mais nada, exaltar a magnanimidade com que me acolhe a redação deste diário. Por um mal-entendido de crítica fomos violentamente separados há dois anos, eu, plumitivo incipiente, A Gazeta, senhora de nobre a popular carreira. Reecente-se agora o terno idílio…”

Confira a matéria completa sobre a exposição que revisita a Semana de Arte Moderna de 22 no Jornal da Gazeta: