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Curiosidade Mecânica: Luana Piovani

Curiosidade Mecânica de Luana Piovani.

Publicado em: 21/05/2015 - Última atualização: 03/08/2023 - 17h53

Luana Piovani

Luana Piovani é capturada pela Máquina

Mania de explicação 

No livro Mania de Explicação, de Adriana Falcão, Isabel é uma criança que busca explicar as palavras de outra forma, um jeito que chega a ser mais filosófico. Entre suas explicações, estão:

  • Amizade é quando você não faz questão de você e se empresta pros outros.
  • Culpa é quando você cisma que podia ter feito diferente, mas, geralmente, não podia.
  • Emoção é um tango que ainda não foi feito.
  • Perdão é quando o Natal acontece em maio.
  • Vontade é um desejo que cisma que você é a casa dele.

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A obra foi adaptada para o formato teatral e Luana Piovani conta no programa como é fazer a personagem principal Isabel. O espetáculo também ganhou vida em bonecos, o Canguru Teatro de Bonecos fez apresentações em 2011 e recebeu seis indicações do Prêmio Usiminas/Sinparc: melhor espetáculo, melhor texto adaptado, melhor direção, melhor trilha sonora original, melhor concepção cenográfica e melhor iluminação. Ganhou os prêmios de melhor texto adaptado, melhor concepção cenográfica e melhor iluminação.

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Para uma menina com uma flor 

O título do poema de Vinícius de Morais, lido por Luana Piovani na Máquina, virou título de uma coleção de poemas de Vinícius da editora Companhia das Letras. Os textos de ‘Para uma menina com uma flor’ foram selecionados pelo próprio autor entre aqueles que publicara em jornais e revistas ao longo de 25 anos. O leitor descobrirá aqui algumas das marcas de seus poemas – lirismo, emoção, ironia, apego à paisagem e ao fato cotidiano, bem como uma inequívoca capacidade de compreensão das dores e alegrias humanas.

Porque você é uma menina com uma flor e tem uma voz que não sai, eu lhe prometo amor eterno, salvo se você bater pino, o que, aliás, você não vai nunca porque você acorda tarde, tem um ar recuado e gosta de brigadeiro: quero dizer, o doce feito com leite condensado.

E porque você é uma menina com uma flor e chorou na estação de Roma porque nossas malas seguiram sozinhas para Paris e você ficou morrendo de pena delas partindo assim no meio de todas aquelas malas estrangeiras.

E porque você sonha que eu estou passando você para trás, transfere sua d.d.c. para o meu cotidiano, e implica comigo o dia inteiro como se eu tivesse culpa de você ser assim tão subliminar. E porque quando você começou a gostar de mim procurava saber por todos os modos com que camisa esporte eu ia sair para fazer mimetismo de amor, se vestindo parecido. E porque você tem um rosto que está sempre um nicho, mesmo quando põe o cabelo para cima, parecendo uma santa moderna, e anda lento, e fala em 33 rotações mas sem ficar chata. E porque você é uma menina com uma flor, eu lhe predigo muitos anos de felicidade, pelo menos até eu ficar velho: mas só quando eu der uma paradinha marota para olhar para trás, aí você pode se mandar, eu compreendo.

E porque você é uma menina com uma flor e tem um andar de pajem medieval; e porque você quando canta nem um mosquito ouve a sua voz, e você desafina lindo e logo conserta, e às vezes acorda no meio da noite e fica cantando feito uma maluca. E porque você tem um ursinho chamado Nounouse e fala mal de mim para ele, e ele escuta e não concorda porque ele é muito meu chapa, e quando você se sente perdida e sozinha no mundo você se deita agarrada com ele e chora feito uma boba fazendo um bico deste tamanho. E porque você é uma menina que não pisca nunca e seus olhos foram feitos na primeira noite da Criação, e você é capaz de ficar me olhando horas. E porque você é uma menina que tem medo de ver a Cara-na-Vidraça, e quando eu olho você muito tempo você vai ficando nervosa até eu dizer que estou brincando. E porque você é uma menina com uma flor e cativou meu coração e adora purê de batata, eu lhe peço que me sagre seu Constante e Fiel Cavalheiro.

E sendo você uma menina com uma flor, eu lhe peço também que nunca mais me deixe sozinho, como nesse último mês em Paris; fica tudo uma rua silenciosa e escura que não vai dar em lugar nenhum; os móveis ficam parados me olhando com pena; é um vazio tão grande que as mulheres nem ousam me amar porque dariam tudo para ter um poeta penando assim por elas, a mão no queixo, a perna cruzada triste e aquele olhar que não vê. E porque você é a única menina com uma flor que eu conheço, eu escrevi uma canção tão bonita para você, “Minha namorada”, a fim de que, quando eu morrer, você, se por acaso não morrer também, fique deitadinha abraçada com Nounouse cantando sem voz aquele pedaço que eu digo que você tem de ser a estrela derradeira, minha amiga e companheira, no infinito de nós dois.

E já que você é uma menina com uma flor e eu estou vendo você subir agora – tão purinha entre as marias-sem-vergonha – a ladeira que traz ao nosso chalé, aqui nessas montanhas recortadas pela mão de Guignard; e o meu coração, como quando você me disse que me amava, põe-se a bater cada vez mais depressa.

E porque eu me levanto para recolher você no meu abraço, e o mato à nossa volta se faz murmuroso e se enche de vaga-lumes enquanto a noite desce com seus segredos, suas mortes, seus espantos – eu sei, ah, eu sei que o meu amor por você é feito de todos os amores que eu já tive, e você é a filha dileta de todas as mulheres que eu amei; e que todas as mulheres que eu amei, como tristes estátuas ao longo da aléia de um jardim noturno, foram passando você de mão em mão até mim, cuspindo no seu rosto e enfrentando a sua fronte de grinaldas; foram passando você até mim entre cantos, súplicas e vociferações – porque você é linda, porque você é meiga e sobretudo porque você é uma menina com uma flor.

Cântico

Citado por Luana Piovani ao falar de sua avó, os Cânticos surgiram como hino religioso extraído da Bíblia (com exceção dos Salmos), utilizado na liturgia cristã. O termo frequentemente abrange hinos antigos não-bíblicos, como o Te Deum, além de certos salmos que são usados liturgicamente. Ao dar um exemplo, Luana canta a música Sertaneja de Orlando Silva, um dos mais importantes cantores brasileiros da primeira metade do século XX. Clique aqui e ouça a música inteira.

Perdeu o programa completo? Confira aqui.