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Problema do governo não é apenas o Congresso

Comentário de Economia, com Vinícius Torres Freire.

Problema do governo não é apenas o Congresso Comentário de Economia, com Vinícius Torres Freire.
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Uma das desculpas para a relativa inércia do governo de Michel Temer é que o presidente ainda é interino. Assim que for confirmado no cargo, a coisa vai andar, diz o pessoal das desculpas governistas.
O que quer dizer "a coisa vai andar". Na economia, pelo menos, significa fazer força no Congresso para aprovar o limite para as despesas do governo, alguma reforma da Previdência e um plano de concessões, de passar para empresas privadas obras de infraestrutura, como estradas.
Em parte, a desculpa é verdade, por motivos ruins. Se o governo defende ou adota mais medidas amargas, corria o risco de ter de compensar mais senadores, para garantir de vez votos para o impeachment e, mais importante, para reunir uma bancada de bom tamanho no Congresso. Isto é, maior o custo da barganha.
Agora, por que o custo da barganha vai cair de agora em diante? Parte do Congresso está encrencando com as medidas impopulares, como é óbvio. No entanto, o problema não é apenas o Congresso.
Primeiro exemplo, o plano de concessões e privatizações. Isto é, leiloar obras de estradas, portos e aeroportos, além de vender algumas estatais. Vamos para quatro meses de governo e pouca luz se viu a respeito.
Segundo exemplo, é um plano para aumentar a eficiência do gasto do governo. Dinheiro não vai haver por uns bons anos.
No mínimo, se aprovado o teto, o total da despesa vai parar de crescer. Mesmo assim, é preciso arrumar dinheiro para manter ou até aumentar gastos em saúde, em investimento público em obras.
Para tanto, é preciso fazer mais com menos em todas as áreas. Até agora, a gente não sabe de um plano de aumento de eficiência.
Terceiro exemplo, nem só de economia vive um governo. Qual o plano do governo para a saúde, por exemplo? Até agora, o único plano, nos bastidores, é demitir o atual ministro da Saúde, desmoralizado por dizer tantos disparates em público, entre outros motivos. A crise da saúde vai ser o maior problema da administração pública nos próximos anos.
Daqui a uma semana, Temer será presidente de fato e não terá mais desculpas. Vai tomar medidas na economia e mostrar a que veio em outras áreas?
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